quinta-feira, 14 de junho de 2007

Carreira x Filhos

Eu estava pensando esses dias sobre profissões, sobre carreiras e sobre a luta que é para se chegar ao topo.
Concluí que eu não sei bem se o topo é onde eu quero chegar. Comecei a analizar os motivos e me lembrei dos posts que eu muitas vezes li no blog da Adriana (Dri na Holanda).
Antes de eu engravidar eu "exigia" que uma coisa estivesse certa: estabilidade. Por esse motivo demorei 3 anos para engravidar. Não estávamos estáveis na Bélgica (2003), sempre pensando em ir para o Brasil para que eu terminasse a faculdade em Vitória, precisamos de mais dois anos em Vitória para eu me formar, acertar nosso apartamento do jeito que eu queria e ainda tivesse curtido o meu casamento para não me ver cheia de coisas de repente e sem tempo para ter uma vida completa.
Quando engravidei da Rafa tínhamos a possibilidade de ir para São Paulo e essa seria uma grande mudança, mas eu achei que não seria nada demais, simplesmente um esforço pequeno para que pudéssemos crescer.
Eu nunca tinha trabalhado, meus pais nunca me deixaram trabalhar ("pq não precisa, Fernanda. Deixa os empregos pra quem precisa"), Mick sempre me idealizou como uma esposa do lar moderna e eu nunca quis mais, afinal, dormir até tarde todos os dias, passar a tarde na academia, ter uma empregada que fazia tudo e só ir para a faculdade a noite, era a vida que muita gente quer. Me formei, tive a Rafa alguns meses depois e fomos para SP quando ela tinha 4 meses. Entrei em desespero!!! Eu não tinha mais tempo para as minhas futilidades. Eu acordava cedo com a Rafa e passava o dia em função dela. Um dia percebi que estava deixando de ser a Fernanda e me tornando simplesmente a mãe da Rafa, não fazia mais minha sombracelha, unhas e nem me maquiava, afinal de contas sair com a Rafa era um parto! Um milhão de coisas que eu não podia esquecer, carrinho, bolsa, mamadeira, brinquedo pro carro, brinquedo pro carrinho e por aí vai. No final de semana eu ajeitava a casa.
Aí caiu a ficha de que mudar de estado não era tão simples. Eu não conhecia ninguém ali, não tinha ninguém por perto para ficar algumas horinhas com a Rafa para eu ir fazer uma escova (eu sempre quis deixar o Mick descansar no final de semana) e, além disso tudo, estava perdendo minha personalidade como Fernanda.
Resolvi procurar um emprego e em duas semanas estava empregada na empresa opção 2 da minha lista. Rafa ficou numa creche perto de casa (o que para mim foi o passo mais certo que eu dei desde que a tive. Ela amava a creche e tirar ela da creche foi o que mais me doeu nesse processo de mudança pra cá).
Viciei no trabalho!!!! Eu!! Patricinha até o último fio de cabelo, filhinha de papai mesmo!! Sabe, daquelas que, por mais que eu me interessasse pelo mundo, a Caras continuava sendo a leitura número 1. De repente me peguei em uma situação nova: eu não via a hora de o dia começar para resolver os problemas que poderiam ter surgido. Horário de expediente?! Nunca tive! Só não ia trabalhar mais cedo pq Rafa só entrava na creche às 08:00. Mas sair do trabalho, por muitos meses eu só saí às 21:00.
No final do ano passado, é claro que isso pesou de alguma forma. Eu e Mick já não passávamos tanto tempo juntos e eu mal via a Rafa (só no final de semana), sem contar que foi um tal de eu passar mal em janeiro que pelamordedeos!!! Acho que fiquei um mês afastada com atestados mùedicos (e ficava pra morrer pq eu não tava lá, ligava todos os dias umas 5 vezes por dia para saber como estavam as coisas). De patricinha à workaholic. Quem diria!
Mas por mais que trabalhar desenfreadamente me desse muito prazer, eu tinha uma família agora e tinha que escolher por um dos dois. É claro que escolhi pela minha família e não me arrependo. Mas é, depois de passar por tudo isso, que eu chego à conclusão de que realmente não dá para conciliar uma coisa com a outra. Ou vc é mãe e esposa presente ou é alguém que batalha para subir na carreira.
Eu ainda trabalho, ainda fico procurando problemas em qualquer canto, minha posição agora é muuuuito mais calma e eu já tô dando umas procuradas em cargos mais, digamos, exigentes, mas mesmo assim, chegar láááá em cima não vai ser para mim. Vou ficar no meio, feliz com o meu emprego e feliz por poder dar banho na Rafa todas as noites.
Então Adriana, para todas as pessoas que amam te criticar por expor seu ponto de vista sobre trabalho x maternidade: Vc está certíssima!!!!!! Trabalhar é sim possível, se dedicar ao emprego também, mas empregos com viagens, cursos todos os finais de semana e essas coisas, se tornam MUITO complicadas.